segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Criação de pirarucu em cativeiro dá certo no sul do Pará

O pirarucu, uma das espécies de peixe mais valiosas do Brasil, com importância comercial similar a do bacalhau, tem sido criado em cativeiro por 10 agricultores familiares de Conceição do Araguaia, no sul do Pará, com o apoio do escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).

A primeira despesca, de 16 toneladas, acaba de ser vendida, no dias 17 e 18 de novembro, para a empresa Mar e Terra, a maior processadora de pescado da América Latina – que fechou contrato no Pará pela primeira vez. A negociação representou um lucro de cerca de 30% para os produtores.

A iniciativa da criação de pirarucu em cativeiro vem se consolidando desde 2006, quando a Emater, frente à quase extinção do pirarucu no rio Araguaia por conta da pesca predatória, começou a orientar tradicionais bovinocultores leiteiros sobre a possibilidade de diversificação das atividades dentro das propriedades, com a construção de viveiros escavados e açudes artificiais.

Com o respaldo da Emater, em 2008 os 10 produtores em questão constituíram a Associação dos Aquicultores de Conceição do Araguaia (Aquicon): além de pirarucu, o grupo cultiva tambaqui, tambacu, piau, curimatã e surubim pintado. Hoje, a piscicultura se tornou o carro-chefe econômico das famílias envolvidas - e o projeto da Emater até inspirou grandes produtores do município, que também passaram a criar o peixe. “O setor aquícola do sul do Pará está em franco crescimento. Esse desenvolvimento tem importância fundamental da parceria da Emater”, diz o presidente da Aquicon, Eliézer Jr.

De acordo com o engenheiro de pesca da Emater, Victor Tiago Catuxo, um dos gargalos da atividade ainda é o alto custo de produção, sobretudo por causa da necessidade de compra de alevinos e de ração industrial. Cada viveiro escavado funcionando, em média com mil metros quadrados e capacidade para 100 alevinos, custa quase R$ 5 mil. Mesmo assim, existe mercado garantido, “o que falta é - por meio de políticas, crédito rural e acesso a tecnologias - qualificarmos e expandirmos esse mercado”, explica. As próximas etapas do projeto da Emater são a incorporação de mais famílias interessadas e a intermediação de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em valores que podem alcançar os R$ 100 mil.

Aline Miranda - Ascom Emater