Portal Terra Elaine Lina
Brasília - A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, se disse "muito tranquila" em relação a investigação sobre supostas irregularidades no Ministério da Pesca no período em que comandava a pasta. "Uma coisa que me deixa cada vez mais tranquila é que no dia de ontem o TCU apresentou certidão dizendo que o meu nome não consta em nenhum processo que esteja tramitando no Tribunal de Contas, seja qual for. Então, eu estou muito tranquila", afirmou ela nesta terça-feira.
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu procedimento preliminar para analisar as explicações apresentadas pela ministra sobre supostas irregularidades no pagamento de 28 lanchas-patrulha, entre dezembro de 2008 e março de 2011. Ideli Salvatti minimizou o caso: "O relator puro e simplesmente recebeu os documentos. É quase que um protocolo. O documento chegou, né? Então, não teve deliberação sobre abertura ou não. Vamos aguardar a hora que a Comissão de Ética vai deliberar."
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) indicou que pelo menos 23 das 28 lanchas-patrulha compradas pelo Ministério da Pesca nunca entraram em ação nas fiscalizações de pesca irregular ou estão avariadas. Cada veículo custou mais de R$ 1 milhão e, segundo o TCU, parte do total dos R$ 31,1 milhões foi paga na gestão de Ideli.
A empresa responsável pela fabricação e venda das lanchas é a Intech Boating Comércio de Embarcações Ltda., sediada em Santa Catarina, que inaugurou pouco antes da primeira compra de cinco lanchas autorizada pelo então ministro Altemir Gregolin - que deixou a pasta em dezembro de 2010. No último dia no cargo, em 31 de dezembro, Gregolin determinou a construção de mais cinco lanchas, sendo que apenas quatro das 23 já encomendadas haviam entrado na água.
"O negócio foi lançado para a Intech Boating ganhar", afirma o relatório do ministro Aroldo Cedraz, De acordo com o documento, o edital reproduzia os requisitos técnicos do modelo de estreia da empresa no mercado. "As medidas e padrões de desempenho atendem perfeitamente aos requisitos excessivamente detalhados nos editais dos pregões", diz o relatório.
A Intech doou R$ 150 mil ao comitê eleitoral do PT catarinense - reduto eleitoral da ministra, que comandou o Ministério da Pesca entre janeiro e junho de 2011. Em nota, a ministra se defendeu das acusações, disse que não tem ligações com a empresa. Ela afirmou que a doação foi registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e feita ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina - e não nominalmente à candidata Ideli Salvatti.
CPI
Questionada sobre as sinalizações por parte dos governistas de barrar uma possível Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) acerca da atuação do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Ideli desconversou: "É uma questão do Legislativo. Da nossa parte a orientação clara é cuidar das votações. O meu foco é cuidar da aprovação de matérias importantes". A CPI está em fase de coleta de assinaturas e ainda não há data para a criação da comissão que poderá investigar todos os envolvidos com Cachoeira apontados nas investigações da Polícia Federal.