quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pesca com mosca


Saiba mais com Salgado Filho e Gerson Kavamo
Fonte: Salgado Filho
Imagem: Salgado Filho

Não que esta modalidade seja vez ou outra esquecida ou que novos adeptos não busquem, a cada dia, o domínio da técnica, mas ocorre um fato interessante no mercado brasileiro de pesca com mosca. Ela sofre ondas de ascensão e queda, só que a cada novo boom ela se fortalece e se firma mais, quer seja entre os novos pescadores quer seja com lojas, profissionais e serviços ligados a ela.
Isso se deve a uma série de fatores como mídia (revistas, internet, programas de TV), profissionais da pesca ligados à modalidade e, principalmente, pelo constante surgimento de novos fabricantes de materiais, o que, por consequência, ajuda a baixar consideravelmente os preços.
O grande primeiro boom da Pesca com Mosca ocorreu no início dos anos 90, até meados de 1993. Apesar de um grande número de pescadores ter migrado para esta modalidade, um número muito maior ficou de fora, basicamente obstruído por três empecilhos: o preço de equipamentos muito alto; a falta de conhecimento da língua inglesa (não havia praticamente nada de literatura em português e o pouco que havia não era suficiente); e principalmente por falta de com quem e onde aprender. Não havia ainda escolas especializadas e alguns poucos que detinham as técnicas aparentemente não tinham interesse em ensinar, divulgar, talvez para não perder o trono de FLYFISHERMAN – salvo raríssimas exceções.
Ao se ver um pescador desenhando false cast’s (arremessos falsos, aquele vai e vem com a linha no ar) à beira de um lago ou rio, era comum, ao ser questionado sobre o que estava fazendo, que mal respondesse, e quando o fazia, dizia: “Ah, isso é muito difícil”, o que desencorajava totalmente o novato curioso.
Após este período, no final dos anos 90 e início do novo século, não só surgiram escolas especializadas como também pessoas interessadas em divulgar a Pesca com Mosca. Isso não só ajudou os novos interessados, mas criou uma grande alavanca comercial para a modalidade no Brasil, o que durou até aproximadamente o ano de 2004, quando houve uma nova parada.

Os anos passaram, a globalização chegou definitivamente, com o advento de novas tecnologias e encurtamento das distâncias proporcionado pela internet, e novas cabeças passaram a ver a Pesca com Mosca como um bom e próspero negócio. Desta forma, se disseminaram novas escolas ministrando cursos, novas lojas (principalmente as virtuais) e novos serviços ligados ao segmento. Os preços de materiais hoje quando comparados ao passado são irrisórios e fabricantes passaram a produzir varas, linhas e carretilhas que literalmente “cabem” em todos os gostos e bolsos, bem como os chamados “combos” – conjuntos completos compostos por VARA, CARRETILHA, LINHA e BACKING prontos para serem utilizados –, algo que antes era inadmissível na Pesca com Mosca. Claro que, assim como em todos os setores, existem os “combos” de boa e má qualidade.
A principal alavanca, entretanto, foi o surgimento de pessoas realmente interessadas em divulgar, desmistificar e popularizar a Pesca com Mosca. Hoje o mercado vive um novo boom. A Pesca com Mosca tem sido explorada em larga escala pelas revistas especializadas e TV’s, com matérias e programas específicos, e, melhor ainda, que dão ao leitor/telespectador a versão “tupiniquim” da modalidade: nada de apresentação perfeita de mosca, nada de iscas multicoloridas para a captura de Salmões ou das minúsculas moscas secas para a captura de Trutas, mas sim os grandes arremessos com iscas volumosas que buscam as pancadas dos grandes Tucunarés, os saltos maravilhosos dos Tarpons, as acrobacias de Dourados, Bicudas, Matrinxãs, Aruanãs, Traíras, Trairões, enfim, todos os nossos majestosos predadores de águas doce e salgada. Mesmo nos pesque-pague, é possível ver grandes lutas contra os famosos “Redondos”, as grandes Carpas e Tilápias fisgadas com “ração artificial” ou miçangas, por exemplo.
A criatividade do pescador Brasileiro quebra conceitos e antigas barreiras e, dessa forma, a Pesca com Mosca para nós e nossos peixes possui características que tornam o Mosqueiro ou Flyfisherman, como queiram, genuinamente Brasileiro.
Deixo aqui meus cumprimentos e respeito a todos que de uma forma ou de outra colaboram para o desenvolvimento da Pesca com Mosca, divulgando, ensinando, produzindo iscas, vendendo materiais, ferramentas, equipamentos e tudo o que está relacionado a este encantador universo. PARABÉNS.
Revista IPesque