quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Política Estadual quer aumentar produção e baratear o pescado

Técnico da Sepaq, Thiago Oliveira.
O governo paraense está desenvolvendo uma política voltada para o aumento da produção do pescado e a diminuição do preço de várias espécies comuns na região amazônica ao consumidor do Estado. Faz parte dessa política a parceria com a indústria e os produtores artesanais, bem como a implementação do programa Pará Pescado, que vende a preços populares diversos tipos de peixes em bairros da capital e dos municípios. Paralelo a este trabalho, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese-PA) já observou queda no preço do pescado paraense nos últimos sete meses, pelo menos.

De acordo com o técnico da coordenadoria de Pesca da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (Sepaq), Thiago Oliveira, o objetivo dos programas que estão sendo desenvolvidos é o aumento da produção para o consumo local e para exportação. É o caso do Parque Aquícola que funciona em Breu Branco, no sudeste do Estado. Lá estão concentrados 325 produtores de pescado que antes trabalhavam descentralizados no entorno do lago de Tucuruí. Atualmente, eles estão organizados, desenvolvendo a produção e garantindo mais peixe para a população.

“A partir deste trabalho desenvolvido em Breu Branco, podemos desenvolver o consumo de pescado no Estado e também garantir a exportação. Hoje em dia os produtores trabalham de forma muito mais organizada”, destacou Thiago. Ele ressalta que “o carro chefe destinado a baratear o preço do pescado e estimular o consumo entre a população é o Pará Pescado”. Por meio do programa, a Sepaq promove feiras de pescado a preços bem populares em diversos bairros da Região Metropolitana de Belém (RMB) e em municípios do interior, a partir de parcerias com a indústria da pesca, que fornece a preços populares pelo menos cinco toneladas de peixe por feira. Este ano já ocorreram cinco eventos desse tipo na RMB e, no último final de semana mais um foi realizado em Marabá, sudeste do Estado, onde foram vendidas cerca de 10 toneladas de pescado em dois dias.

Consumo – A Região Norte é a que mais consome peixe no país. Segundo dados da Sepaq, cada paraense consome, em média, 18 quilos de pescado por ano. O Estado, que é o segundo maior produtor de peixe no Brasil, gerando 180 mil toneladas a cada ano, consome mais que Santa Catarina, que é o maior produtor do país, com mais de 200 mil toneladas por ano. Lá, cada catarinense consome cerca de dois quilos por ano, quantidade considerada pequena pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda pelo menos 12 quilos anuais por pessoa.

O técnico de pesca da Sepaq diz que há uma característica peculiar no Pará em relação ao consumo de pescado. “A pesca paraense ocorre em diversos ambientes, como os rios, lagos e o oceano, principalmente no nordeste do Estado. Esta diversidade de ambientes e técnicas faz com que a população tenha hábitos diferentes de consumo, bem como o tipo de peixe que costumam levar à mesa”, destaca. Entre as espécies de peixe mais consumidas pelos paraenses está a Piramutaba, o Filhote, Pescada, Gó e Mapará. “São os peixes mais populares em diversas regiões do Estado. Muito apreciados por todos”, garante Oliveira.

Consumo deve crescer com a queda de preço

Recente levantamento do Dieese/PA apontou queda no preço do pescado pelo sétimo mês consecutivo este ano. A pesquisa levou em consideração o preço praticado em mercados municipais da RMB, que comercializam 38 espécies de peixe. “Esses dados mostram o resultado de uma política que está sendo desenvolvida desde a criação da Sepaq e do Ministério da Pesca, no Governo Federal. A oferta de peixe está sendo maior e a população está sendo incentivada a consumir peixe por se tratar de um alimento saudável e abundante em diversos locais do país”, pontuou o supervisor técnico do departamento, Roberto Sena.

De acordo com Sena, mesmo com a política de aumento da produção, barateamento e estímulo ao consumo do pescado, o preço varia em alguns períodos do ano, principalmente na entressafra. “São questões típicas. Há um período do ano, geralmente a partir de novembro, que os produtores dizem que os rios sofrem influência da água salgada do oceano. Com isso, os cardumes se afastam, dificultando a pesca. Este entre outros motivos, fazem com que o preço do peixe suba até abril, pelo menos”.
Apesar do aumento por causa de questões naturais, o governo pretende manter o aumento do consumo com o desenvolvimento de projetos como o do Parque Aquícola e do programa Pará Pescado, além de garantir preços baixos durante a Semana Santa, quando o consumo é ainda maior.

Thiago Melo - Secom