quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estudo aponta alto teor de proteina, sais minerais e ácidos graxos no Pacu e Jaraqui


Fonte: D24am por Clarice Manhã com informações da Agência Brasil
Imagem: Reprodução
D24am por Raimundo Valentim

Populares pelo preço acessível e sabor, o pacu e o jaraqui ganharam mais um reforço para disputarem a preferência de todos à mesa: o alto teor nutritivo.


Segundo um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estas espécies não devem em nada para os peixes mais nobres, como tambaqui ou pescado marinho quando se avalia o teor de proteína, sais minerais e ácidos graxos.
O pesquisador do Inpa Rogério Souza de Jesus fez um levantamento do perfil nutricional de várias espécies de pescado amazônico e descobriu que os populares pacu e jaraqui, e outros menos comercializados, como curimatã, pirapitinga, aracu e mapará, possuem os nutrientes essenciais para uma dieta balanceada.
Segundo o pesquisador, estas espécies, que chegam a ser vendidas nas feiras de Manaus ao preço de R$ 10, 20 unidades, possuem os mesmos níveis de proteína, sais minerais e ácidos graxos das espécies marinhas ou peixes mais caros, como o tambaqui e o pirarucu.
No jaraqui, por exemplo, foi encontrada uma grande concentração de ácidos graxos do tipo ômega3, que previnem doenças coronarianas. Jesus explica que agora, no período de cheia dos rios, o pescado “engorda”, de um modo geral, em razão da abundância de alimentos, e tende a ficar mais magro e com menos teor de gordura na carne na época da vazante.
A proteína do peixe é uma das mais nobres, pois cada cem gramas do alimento oferecem30 gramasde proteína, pouca gordura e muito teor de ômega 3. De acordo com especialistas, a ingestão do ômega 3 auxilia na redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol considerados negativos. Além de estar presentes em peixes, ele é encontrado nas nozes, castanhas, folhagens de rúcula e nos óleos vegetais.
No caso do peixe, é necessário observar uma série de detalhes na hora de comprá-lo, como se a pele está firme, úmida e sem a presença de manchas, assim como os olhos, que devem estar brilhantes, e as escamas firmes.
O marceneiro Valter Luís de Oliveira, 55, confirma a estatística. Ele conta que em sua casa a família come peixe até quatro vezes por semana. “Gostamos do sabor e do preço. É uma tradição sair cedo de casa, ir na banca do peixe, e comprar as verduras para acompanhar. Não troco o costume amazônico por nada”, observa.

Merenda escolar

O consumo do pescado deve começar na infância, mas esbarra na falta de estímulo nas escolas, com a pouca oferta do alimento no cardápio da merenda. Apenas 26,9 (cerca de 1,5 mil) das 5.565 prefeituras em todo o País incluem o pescado pelo menos uma vez por semana, aponta estudo do Ministério da Pesca e Aquicultura.
Este ano, a pasta iniciou um levantamento detalhado, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), sobre o consumo de peixe nas escolas públicas. A coleta de dados, por meio de questionário feito com nutricionistas e responsáveis técnicos pela alimentação escolar, encerrou no fim de maio.
A ideia é saber se a escola tem câmaras frigoríficas para estocar o alimento, se as merendeiras sabem preparar o pescado e se há dificuldade na aquisição de peixe fresco na cidade.
Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, o morador do Amazonas consome aproximadamente 35 quilos de pescado por ano, enquanto a média nacional oscila entre 7 e 9 quilos.
No Brasil, o consumo de peixe por pessoa está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda o consumo de 12 quilos anuais. Segundo o organismo, a média mundial chega a chega a 16 quilos e países como o Japão têm um consumo per capita médio de 30 quilos.
De acordo com Departamento da Cadeia Produtiva do Pescado da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), o Amazonas é o maior produtor de peixes de água doce do Brasil, mas não atende à demanda local, mesmo com a produção da piscicultura. Levantamento do órgão aponta que anualmente 150 mil toneladas são capturadas pela pesca artesanal e 8 mil toneladas são produzidas em cativeiro.
Revista IPesque