sexta-feira, 15 de junho de 2012

A invasão africana do bagre predador

Introduzido no Brasil na década de 80, o bagre africano é uma espécie altamente predadora

Fonte: O Diário de Mogi por Alexandre Hilsdorf
Imagem: Reprodução
Instituto de Pesca de SP



Recentemente, nosso grupo de pesquisa da Universidade de Mogi das Cruzes registrou em um livro a ocorrência de 56 espécies de peixes em vários rios e riachos nas cabeceiras da bacia do Alto Tietê. Esta diversidade surpreendeu a todos nós, pois com as intensas modificações ambientais que o Tietê e outros rios de nossa região vêm sofrendo, é de se espantar que tantas espécies diferentes de peixes ainda resistam e insistam em viver em nossos rios. Ainda que nossas atitudes em relação ao meio ambiente e aos seres vivos que ali habitam sejam de total indiferença.
Aliado às constantes ameaças à integridade ambiental que perpetramos aos rios com nosso estilo de vida, soma-se agora, mais um perigo vindo de outro continente; um peixe conhecido como bagre africano, cujo nome científico é Clarias gariepinus.
Este peixe originário da região tropical da África foi introduzido no Brasil na década de 80 para ser utilizado em pisciculturas. Esta é uma espécie altamente predadora que se alimenta de uma variedade de outras espécies aquáticas e terrestres, e sendo uma espécie exótica introduzida não possui um predador natural para controlar sua população.
O bagre africano chega a se reproduzir quatro vezes por ano e possuem a capacidade de usar ar atmosférico em órgãos similares a pulmões em animais terrestres, sendo assim, esta espécie é altamente tolerante a águas com baixo oxigênio e poluídas. Sua presença tem sido verificada em vários rios de diferentes bacias do Estado de São Paulo.
A presença do bagre africano já pode ser verifica no rio Tietê desde a região de Biritiba-Mirim até a barragem da Penha, em São Paulo, onde foi capturado um exemplar. Não será de se espantar se logo começarem a pescar esta espécie no rio Tietê próximo à ponte das Bandeiras. Sua ocorrência em rios do estado de São Paulo já é uma realidade e ainda não sabemos o tamanho populacional desta espécie na nossa região, contudo sabemos que muitas das 56 espécies de peixes nativas que estão por aqui, há alguns milhões de anos, não têm seu futuro assegurado.
Revista IPesque