quinta-feira, 10 de maio de 2012

Guia para os Peixes de Água Doce



Cientistas do CBA preparam o 1º guia de Portugal, resultados de três décadas de inventariação de espécies

Fonte: Ciência Hoje (Portugal) por Susana Lage
Imagem: Reprodução
Ciência Hoje (Portugal)



Maria João Collares-Pereira e equipe do Centro de Biologia Ambiental (CBA) da Universidade de Lisboa estão prepararando o primeiro Guia dos Peixes de Água Doce de Portugal.
A proposta, que recebeu ontem uma Menção Honrosa no Prémio BES Biodiversidade 2012, compila resultados de mais de três décadas de inventariação de espécies e investigação sobre a sua biologia. Para além disso, dispõe de um amplo conjunto de informação sobre as características dos habitats aquáticos que pretende tornar acessível a todos os potenciais interessados.
“Em Portugal, o conhecimento sobre a ictiofauna ribeirinha encontra-se muito fracionado e, na generalidade, pouco acessível mesmo para os que por dever de ofício necessitam dele. É o caso dos pescadores desportivos e dos técnicos e gestores de empresas públicas e privadas e de ONGs, entre outros potenciais interessados”, afirma Maria João Collares-Pereira ao Ciência Hoje.
A informação contida no Guia inclui uma breve descrição dos fatores que afetam a distribuição dos peixes; dados sobre valor desportivo, técnicas de pesca, calendário de pesca; chaves de identificação de fácil utilização, com esquemas associados; fichas das espécies individuais, incluindo o nome comum, nome científico, ilustração, mapa de distribuição, descrição, habitat, alimentação, reprodução, estatuto de conservação, valor sócio-econômico e gastronômico; e uma lista de instituições relevantes, estatais e privadas, incluindo associações e clubes de pesca.
Segundo Maria João Collares-Pereira, “este instrumento, para além da sua utilidade no âmbito da educação e sensibilização, constituirá uma ferramenta de indiscutível valor para quem realiza estudos de ictiofauna, especialmente na componente de trabalho de campo, uma vez que não existe nenhuma publicação completa para os peixes de água doce”.
O Guia será publicado em suporte digital e em papel, permitindo uma utilização ampla e dinâmica pelos investigadores e técnicos, pescadores e educadores e os naturalistas amadores.
“Ainda não temos dados concretos nem um orçamento definitivo, mas prevemos que venha a ser publicado pelo menos na versão papel no máximo até Julho de 2013”, adianta a investigadora.
Para além da divulgação na internet, a equipe pretende disponibilizar o produto final no canal MOBILE. Para esta vertente digital serão desenvolvidas aplicações (APPs) para IOS (IPad, Iphone) e Android que integrarão outros recursos dos equipamentos.
Como exemplifica Maria João Collares-Pereira, “será desenvolvida uma aplicação que permitirá, através da indicação de algumas características morfológicas dos peixes, realizar uma busca na base de dados associada, que terá como output uma lista com fotografias das diferentes espécies que preenchem os requisitos da pesquisa, a qual será refinada com a inclusão de mais informação, até chegar à identificação do indivíduo”. Estas aplicações deverão estar disponíveis para instalação a partir da Apple Store e Android Market previsivelmente sem custos para o utilizador.
Complementarmente, será possível incorporar neste interface móvel um canal de comunicação direcionado e específico para cada utilizador, permitindo que o Guia de Campo seja um instrumento de apoio durante as atividades no terreno, quer para técnicos quer para utilizadores não profissionais e/ou apenas curiosos.
“As tecnologias a utilizar nas APPs irão sem dúvida permitir tirar um maior partido do sistema MOBILE, transformando o smartphone numa verdadeira ferramenta de trabalho e lazer no domínio do conhecimento e divulgação da fauna piscícola”, refere Maria João Collares-Pereira.
A equipe do CBA pretende ainda, com este trabalho, criar a primeira base documental de ilustração científica de todas as espécies piscícolas de modo a complementar trabalhos anteriores.
IPesque